"A Natureza das Coisas como terceira via, alternativa aos positivismos e aos jusnaturalismos, tem exercido sobre mim uma influência crescente, desde o início da minha caminhada docente nesta Faculdade.

Por influência dos livros que fui lendo, dos problemas que fui tendo de resolver, dos diálogos que fui mantendo e do prazer de ensinar, pela missão de preparar as novas gerações de juristas. De as convencer que um jurista é responsável pela procura da Justiça, e que lhe cabe – como Sísifo – o esforço, que nunca acaba, de empurrar, monte acima, o ser para mais perto do dever-ser, e retomar esse esforço sempre e sempre sem nunca chegar a alcançar.

É da Natureza das Coisas que os juristas não sejam mercenários das leis, mas também decorre da experiência da vida que os juristas profissionais tenham de ser remunerados e que não é possível nem razoável exigir deles que trabalhem pro bono. Mas é da Natureza das Coisas que os juristas, nas tarefas e formulação da lei e de decisão do caso nunca percam de vista e nunca percam a consciência de que o Direito é orientado à Justiça e que se deixar de o ser já não é Direito – é Torto.

Se estiver sempre presente na construção das leis – na teoria da legislação e na prática legislativa – e se estiver sempre presente na concretização do Direito – nos tribunais e fora deles, nas decisões concretas – a Natureza das Coisas contribuirá para aproximar a vida jurídica do dia a dia da justiça concreta. Isto é: para aproximar pouco a pouco, mas com persistência – o ser como é do ser como deve ser, isto é, da Justiça concreta.

E é com a justiça concreta que tem a ver a própria existência desta Faculdade, deste curso e do meu ensino.

Muito obrigado."